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Artigo

Arte: Uma Linguagem Universal
21/06/2019 Priscila Germosgeschi

  A arte: uma introdução conceitual  “A arte pode ser considerada uma linguagem universal. Essa linguagem artística atravessando séculos e milênios, fronteiras geográficas e culturas das mais diversas consegue preservar significados para os que viverão amanhã. A arte surge com como uma linguagem natural dos homens. Todos nós dispomos das potencialidades dessa linguagem e, sem nos darmos conta disso, usamos seus elementos com a maior espontaneidade ao nós comunicarmos uns com os outros. São sempre as formas que se tornam não-verbais da comunicação artística que constituem o motivo concreto da arte ser tão acessível e não exigir a erudição das pessoas para ser entendida. Exige-se inteligência, sim e sempre sensibilidade. E a arte continua sendo uma necessidade para os homens, caminho essencial de conhecimento e realização de vida.” (Universos da Arte - Fayga Ostrower) “A Arte não reproduz o visível, torna visível.” (Paul Klee) A arte, apesar de ser razão de debates controversos e intermináveis, pode ser compreendida como uma forma de expressão humana, investida de subjetividade e invento, muitas vezes reforçada pelo apuro estético formal, aprendido em escolas ou fruto do desenvolvimento natural e espontâneo de um artista. Esse é um dos muitos conceitos concebidos para definir o que é arte e, para ilustrar a multiplicidade de visões a esse respeito, seguem alguns conceitos de autores e artistas para auxiliar na reflexão preliminar sobre o assunto. “A beleza perece na vida, porém na Arte é imortal.” (Leonardo Da Vinci) “A fantasia, isolada da razão, só produz monstros impossíveis. Unida a ela, ao contrário, é a mãe da Arte e fonte de seus desejos.” (Francisco de Goya)  “Só a arte permite a realização de tudo o que na realidade a vida recusa ao homem.” (Johann Wolfgang Von Goethe) “Se eu pinto meu cachorro exatamente como é, naturalmente terei dois cachorros, mas não uma obra de arte.” (Johann Wolfgang Von Goethe) “Enquanto a ciência tranquiliza, a Arte perturba.” (George Braque) “Todos sabemos que arte não é verdade. A arte é uma mentira que nos faz compreender a verdade, pelo menos a verdade que podemos compreender.” (Pablo Picasso) “A arte é uma magia que liberta a mentira de ser verdade.” (Adorno)  “A beleza é a finalidade da arte. Que é arte, que é beleza, que é finalidade?” (Rosário Fusco) “Antiarte - compreensão e razão de ser o artista não mais como um criador para a contemplação, mas como um motivador para a criação - a criação como tal se completa pela participação dinâmica do espectador, agora considerado ‘participador’. (...) Não há a proposição de um ‘elevar o espectador a um nível de criação’, a uma ‘metarrealidade’, ou de impor-lhe uma ‘idéia’ ou um ‘padrão estético’ correspondentes àqueles conceitos de arte, mas de dar-lhe uma simples oportunidade de participação para que ele ‘ache’ aí algo que queira realizar - é pois uma ‘realização criativa’ o que propõe o artista, realização esta isenta de premissas morais, intelectuais ou estéticas.” (Hélio Oiticica)   Todavia, a arte também deve ser compreendida numa perspectiva que contemple e respeite prioritariamente a diversidade étnica, religiosa, estética, política, social, sexual e de gênero, enfim, o fazer artístico deve ser visto sempre em uma perspectiva multicultural, includente e democrática. Considera-se ainda fundamental a reflexão e a consideração como arte, em especial no contexto de concursos com provas de quaisquer manifestações artísticas inspiradas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), a produção artística de pessoas inseridas nas chamadas culturas de minorias como é o caso de pacientes psiquiátricos e portadores de necessidades especiais. Exemplo de instituição comprometida com a defesa da expressão artística dessas minorias é o Museu de Imagens do Inconsciente. Entre as muitas manifestações artísticas e artistas nesse contexto, é crucial citar a obra do artista plástico Arthur Bispo do Rosário, reconhecido mundialmente pela qualidade e vigor de suas obras. Para aprofundamento:   Outra questão importante no âmbito de concursos influenciados pelos PCNs e mais importante, pela relevância absoluta desses povos na formação da cultura brasileira, é o estudo da produção artística afro-brasileira e indígena brasileira como meio de legitimar tanto as manifestações culturais quanto a própria existência desses grupos como parte fundamental e significativa da concepção do que se pode chamar de patrimônio artístico e cultural brasileiro. Mesmo as mulheres, apesar das suas muitas contribuições acadêmicas ou produtivas para a arte, são em minoria nas discussões acerca da História da Arte e nos círculos de criação, reprodução, comercialização e debate sobre essa manifestação, especialmente no Brasil. Daí, a função não só da arte, mas do debate acerca dela, na necessária inclusão plena de grupos como esses nesse processo. Assim, entendida como meio e realização do desenvolvimento humanístico, a arte deve remontar ao processo de hominização, ao processo de diferenciação física e mental que permitiu intervenções humanas na natureza e, dentro delas, a criação artística. A esse respeito, devemos avaliar os estudos de especialistas sobre o assunto, como Ernst Fischer e Gordon Childe. O primeiro coloca: “...o ser pré-humano que se desenvolveu e se tornou humano só foi capaz de tal desenvolvimento porque possuía um órgão especial, a mão, com a qual podia apanhar e segurar objetos. A mão é o órgão essencial da cultura, o indicador da humanização. Isso não quer dizer que tenha sido a mão sozinha que fez o homem: a natureza (particularmente a natureza orgânica) não admite semelhantes simplificações, semelhantes sequências unilaterais de causa e efeito. Um sistema de complexas relações – uma nova qualidade – resulta sempre do estabelecimento de diversos efeitos recíprocos. O desenvolvimento de certos organismos biológicos trepados nas árvores, em condições que favoreciam o aperfeiçoamento da visão em detrimento do sentido do olfato; o encolhimento do focinho, facilitando uma mudança na disposição dos olhos; a emergência em que se via essa criatura (então equipada com um senso de visão mais agudo e mais preciso) de olhar em todas as direções, como também a postura ereta condicionada por tal situação; a libertação dos membros dianteiros e o crescimento do cérebro devido à postura ereta do corpo; as mudanças na alimentação e diversas outras circunstâncias, em conjunto, contribuíram para a criação das condições necessárias para que o homem se tornasse homem. Porém, o órgão diretamente decisivo foi a mão. Já São Tomás de Aquino estava ciente dessa significação única da mão, esse organum organorum (órgão dos órgãos) e expressou-o na sua definição do homem: Habet homo rationem et manum (O homem possui razão e mão). E é verdade que foi a mão que libertou a razão humana e produziu a consciência própria do homem.” O segundo afirma que: “...Os homens podem fabricar ferramentas porque suas patas dianteiras tornaram-se mãos, porque vêem o mesmo objeto com ambos os olhos e podem avaliar as distâncias com muita exatidão, bem como porque um delicadíssimo sistema nervoso e complicado cérebro os capacitam a controlar os movimentos da mão e do braço em adequação precisa ao que estão vendo com ambos os olhos. Mas os homens não sabem por algum instinto inato fazer ferramentas e usá-las: precisam aprender através da experiência, através do ensaio e do erro.” Portanto, arte deve ser vista sempre numa perspectiva que privilegie valores estéticos fundamentados em princípios democráticos, multiculturais e multilinguísticos para que seu estudo, produção e recepção possam contribuir para o desenvolvimento da da sociedade e dos indivíduos orientados por princípios humanistas. :::Linguagens da arte “Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana. Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de idéias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso.” (Fernando Pessoa) “A pintura é uma poesia visível.” (Leonardo da Vinci) O conceito de arte já foi bem mais amplo do que atualmente entende-se como tal, já que o grupo das artes chamadas “As sete artes liberais clássicas”, eram na Antiguidade Clássica as habilidades ou conhecimentos considerados fundamentais para tornar uma pessoa livre e, por isso, em termos intelectuais, diferente de um escravo. Era composto do “Trivium” e do “Quadrivium”. Durante Idade Média, seriam disciplinas fundamentais para qualquer sacerdote católico com pretensões em subir na hierarquia eclesiástica. O “trivium” era composto de três artes responsáveis por disciplinar e ordenar a mente, a saber: Lógica (ou Dialética), arte responsável por ordenar o discurso de forma a torná-lo sólido e coerente com o intuito de separar o verdadeiro do falso; Gramática, arte capaz de habilitar o indivíduo a usar linguagem de forma correta e eficaz; e a Retórica, arte da persuasão, capaz de tornar mais potente e convincente qualquer discurso. Por sua vez, o “Quadrivium” era formado por Aritmética, que era considerada a arte teórica dos números; Música, que era vista como a aplicação da teoria do número; Geometria, a arte teórica do espaço; e a Astronomia, que era a aplicação da teoria do espaço. Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/71/Septem-artes-liberales_Herrad-von-Landsberg_Hortus-deliciarum_1180.jpg

A partir de mudanças no entendimento do que é a arte, música, dança e artes plásticas passaram a dominar o entendimento da maioria das pessoas sobre linguagens artísticas. Em 1912, o teórico e crítico de cinema ligado ao movimento futurista italiano Ricciotto Canudo, a fim de legitimar o cinema como uma linguagem artística, a qual considerava a “arte total” e “alma da modernidade”, tanto por reunir muitas vezes todas as outras artes em uma só como por ser a forma da arte mais sensível à Modernidade no que ela tem de tecnológica, veloz e dinâmica. Para tanto, propôs o chamado “Manifesto das sete artes” expandindo o conceito de arte de Hegel ao incluir o cinema, são elas: arquitetura, escultura, pintura, música, dança, poesia e cinema. Posteriormente, passaram a ser entendidas como arte em alguns círculos intelectualizados também a Fotografia, a Banda desenhada, os Jogos eletrônicos, a Arte digital, etc. Portanto, a arte pode ser dividida em várias linguagens as quais podem contemplar diversas formas de expressão que têm características, métodos, suportes e realizações distintas, ainda que possam ser usadas simultaneamente na mesma obra ou ainda conjugadas para se criar outra linguagem artística. Dessa forma, numa visão mias contemporânea e livre de preconceitos acadêmicos ou mesmo de classe, são forma de arte, a saber: pintura, desenho, escultura, arquitetura, música, dança, teatro, pantomima, instalação, vídeo arte, tatuagem, literatura, gravura, fotografia, cinema, cerâmica, tecelagem, grafite, circo, banda desenhada (história em quadrinhos, mangá, tira e cartum), moda, etc. :::Mixagens “Será Arte tudo o que eu disser que é Arte” (Marcel Duchamp) As mixagens em arte compreendem os esforços programados ou espontâneos de diluir as fronteiras entre diversas manifestações artísticas para que se produza uma obra capaz de estimular um indivíduo de uma forma múltipla do ponto de vista da recepção sensorial, sentimental e intelectual dos interlocutores inseridos nessa situação comunicativa em que alguém, por intermédio de uma realização artística construída com duas ou mais linguagens, ambiciona transmitir uma mensagem para determinadas ou quaisquer pessoas. Exemplos dessa prática são as instalações que, ao mesmo tempo, podem agregar experiências sonoras, táteis, visuais, etc., para sensibilizar de alguma forma um espectador; a cultura urbana do Hip Hop constituída por expressões corporais (Break), musicais e poéticas (RAP) e visuais interligadas (Grafite); as muitas realizações da arte conceitual; a música eletrônica, feita muitas vezes de colagens (“samplers”) de outras músicas; etc.   Arte e as novas tecnologias da informação e da comunicação “A validade, os limites o estatuto de "obra" desses produtos, só fruíveis em redes, colocam em discussão as teorias estéticas e a própria ideia de criação.” (Ricardo Ribenboim) As novas tecnologias, como o computador, muito contribuíram para a ampliação das possibilidades do fazer artístico. Desde especialmente as vanguardas da década de 1960, com as primeiras experiências concretas com aparatos digitais na produção artística, são visíveis as consequências desse advento para a produção artística como é o caso da obra da banda alemã Kraftwerk, um dos fundadores do que viria a se chamar sugestivamente música eletrônica. Pode-se ainda citar a produção de instaladores, designers, VJs, etc., como exemplo atual e em constante desenvolvimento de tecnologias computacionais e da informação empregadas como linguagem e meio para a produção artística.

Para aprofundamento:

Fonte:https://www.youtube.com/watch?v=J1NFgPWCctI&ab_channel=TVCultura

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