30 dicas para ajudar seu filho a lidar com o Bullying
Saiba o que fazer para ajudar o seu filho a superar situações de Bullying na escola
Bullying: a situação é grave, mas há solução à vista
Fala-se muito hoje em bullying. A palavra, originária da língua inglesa, é empregada boa parte das vezes de modo errado, espécie de caldeirão onde se joga tudo de ruim que pode acontecer em sala de aula. Há crianças que sofrem, no dia a dia escolar, situações que lhes causam mal, mas que não podem ser chamadas de bullying. Há quem veja apenas como brincadeira o que é percebido, no outro, como agressão e razão de infortúnio. Há crianças, vítimas de bullying, que também são entendidas como as responsáveis por esse tipo de situação - nem sempre o agressor é quem dá início a esse tipo de violência, algo que os pais não conseguem admitir, particularmente, os da criança agredida. Nove fora, a falta de informação sobre o tema é enorme, tornando o bullying uma violência que atinge a todos, os pais incluídos.
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Especial Bullying Matérias especiais para você entender tudo sobre bullying e o que fazer para ajudar |
"O bullying acontece, quando existe um movimento real contra uma determinada criança", esclarece a psicóloga e psicopedagoga Nívea Maria de Carvalho Fabrício, diretora do Colégio Graphein, em São Paulo. "É uma campanha, uma perseguição contra um alvo muito bem definido." Com mais de 38 anos de experiência no trato com alunos das mais variadas personalidades e histórias familiares, Nivea já viu de tudo um pouco. Tem, portanto, expertise de sobra para colocar os pingos nos iis em relação a um tema tão atual e afeito a provocar dúvidas. Em sua opinião, são nas escolas maiores, onde as relações ocorrem de modo impessoal e a capacidade de controle é menor em face do número de alunos, que as possibilidades de acontecer bullying crescem e causam apreensão. "Nessas escolas, existem hoje três grupos de alunos, os nerds, os populares e os bobos - já ouvi muita criança dizer que não pode ser nerd ou "CDF", caso contrário, não será querida da classe", Nivea descreve. "Os bobos? Não se misturam com o resto dos alunos". Começa, então, a funcionar uma divisão social dentro de uma grande escola típica do universo paulistano, por exemplo. O bullying? Ele acontece, quando um desses grupos implica com um determinado aluno, a crítica se propaga ferozmente pelas redes sociais e o caos se instala. Em especial, em casa. Porque os pais pouco ou nada conseguem fazer para ajudar os filhos, sejam eles os agredidos ou agressores, a sobreviverem ao contato com o bullying - na opinião de Eric Debarbieux, diretor do Observatório Internacional das Violências nas Escolas, "uma das violências mais graves que o ser humano pode sofrer." Apesar da gravidade do problema, Birgit Möbus, psicopedagoga da Escola Suíço-Brasileira, em São Paulo, faz questão de alertar que o bullying é muito sensível à intervenção das autoridades - no caso da escola, dos professores, supervisores e mesmo diretores. "Mas é preciso que a comunidade escolar se envolva como um todo para combater essa violência de modo a reduzir efetivamente o número e a gravidade dos casos", adianta Birgit. Atualmente, o
PLC 68/2013, que institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying) em território nacional, está à espera da sanção presidencial. Aprovado pelo Senado no mês passado, voltou à Câmara dos Deputados, já que sofreu alterações na Comissão de Direitos Humanos do Senado. O projeto poderá dar bases para ações de prevenção e combate do Ministério da Educação e das Secretarias Estaduais e Municipais. Ou ainda: a situação é grave, mas há solução à vista. Faz parte dela a adoção de atitudes no ambiente escolar, caso do respeito e da generosidade, entre outras. "São palavras aparentemente vagas, mas bastante sérias... a criança hoje fica brava por muito pouco!", aponta Nivea. E isso não pode continuar assim, certo? "É desde pequeno que se aprende ser possível vencer, ao lado do outro, os obstáculos que a vida impõe", lembra Gisela Sartori Franco, psicóloga e especialista em Convivência Cooperativa. "A gentileza, o consenso e o diálogo, infelizmente, não são hoje treinados em sala de aula, daí a necessidade dos pais estarem atentos à rotina escolar e exigirem, nas reuniões com professores, mudanças no currículo escolar." Eis uma sugestão de como os pais devem se comportar para ajudar seus filhos a sobreviverem - com saúde! - ao contato com o bullying. Com a ajuda das especialistas Nivea Maria de Carvalho Fabrício, Birgit Möbus e Gisela Sartori Franco, destacamos outras de igual importância a seguir.
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Todos os dias, alunos no mundo todo sofrem com um tipo de violência que vem mascarada na forma de “brincadeira”. Estudos recentes revelam que esse comportamento, que até há bem pouco tempo era considerado inofensivo e que recebe o nome de bullying, pode acarretar sérias conseqüências ao desenvolvimento psíquico dos alunos, gerando desde queda na auto-estima até, em casos mais extremos, o suicídio e outras tragédias.Por Diogo DreyerQuem nunca foi zoado ou zoou alguém na escola? Risadinhas, empurrões, fofocas, apelidos como “bola”, “rolha de poço”, “quatro-olhos”. Todo mundo já testemunhou uma dessas “brincadeirinhas” ou foi vítima delas. Mas esse comportamento, considerado normal por muitos pais, alunos e até professores, está longe de ser inocente. Ele é tão comum entre crianças e adolescentes que recebe até um nome especial: bullying. Trata-se de um termo em inglês utilizado para designar a prática de atos agressivos entre estudantes. Traduzido ao pé da letra, seria algo como intimidação. Trocando em miúdos: quem sofre com o bullying é aquele aluno perseguido, humilhado, intimidado.E isso não deve ser encarado como brincadeira de criança. Especialistas revelam que esse fenômeno, que acontece no mundo todo, pode provocar nas vítimas desde diminuição na auto-estima até o suicídio. “bullying diz respeito a atitudes agressivas, intencionais e repetidas praticadas por um ou mais alunos contra outro. Portanto, não se trata de brincadeiras ou desentendimentos eventuais. Os estudantes que são alvos de bullyingsofrem esse tipo de agressão sistematicamente”, explica o médico Aramis Lopes Neto, coordenador do primeiro estudo feito no Brasil a respeito desse assunto — “Diga não ao bullying: Programa de Redução do Comportamento Agressivo entre Estudantes”, realizado pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência (Abrapia). Segundo Aramis, “para os alvos de bullying, as conseqüências podem ser depressão, angústia, baixa auto-estima, estresse, absentismo ou evasão escolar, atitudes de autoflagelação e suicídio, enquanto os autores dessa prática podem adotar comportamentos de risco, atitudes delinqüentes ou criminosas e acabar tornando-se adultos violentos”. A pesquisa da Abrapia, que foi realizada com alunos de escolas de Ensino Fundamental do Rio de Janeiro, apresenta dados como o número de crianças e adolescentes que já foram vítimas de alguma modalidade de bullying, que inclui, além das condutas descritas anteriormente, discriminação, difamação e isolamento. O objetivo do estudo é ensinar e debater com professores, pais e alunos formas de evitar que essas situações aconteçam. “A pesquisa que realizamos revela que 40,5% dos 5.870 alunos entrevistados estão diretamente envolvidos nesse tipo de violência, como autores ou vítimas dele”, explica Aramis. A denominação dessa prática como bullying, talvez até por ser um termo estrangeiro, ainda causa certa polêmica entre estudiosos do assunto. Para a socióloga e vice-coordenadora do Observatório de Violências nas Escolas — Brasil, Miriam Abramovay, a prática do bullying não é o que existe no país. “O que temos aqui é a violência escolar. Se nós substituirmos a questão da violência na escola apenas pela palavra bullying, que trata apenas de intimidação, estaremos importando um termo e esvaziando uma discussão de dois anos sobre a violência nas escolas”, opina a coordenadora. Mas, tenha o nome que tiver, não é difícil encontrar exemplos de casos em que esse tipo de violência tenha acarretado conseqüências graves no Brasil. Em janeiro de 2003, Edimar Aparecido Freitas, de 18 anos, invadiu a escola onde havia estudado, no município de Taiúva, em São Paulo, com um revólver na mão. Ele feriu gravemente cinco alunos e, em seguida, matou-se. Obeso na infância e adolescência, ele era motivo de piada entre os colegas. Na Bahia, em fevereiro de 2004, um adolescente de 17 anos, armado com um revólver, matou um colega e a secretária da escola de informática onde estudou. O adolescente foi preso. O delegado que investigou o caso disse que o menino sofria algumas brincadeiras que ocasionavam certo rebaixamento de sua personalidade. Vale lembrar que os episódios que terminam em homicídio ou suicídio são raros e que não são poucas as vítimas do bullying que, por medo ou vergonha, sofrem em silêncio. Além de haver alguns casos com desfechos trágicos, como os citados, esse tipo de prática também está preocupando por atingir faixas etárias cada vez mais baixas, como crianças dos primeiros anos da escolarização. Dados recentes mostram sua disseminação por todas as classes sociais e apontam uma tendência para o aumento rápido desse comportamento com o avanço da idade dos alunos. “Diversos trabalhos internacionais têm demonstrado que a prática de bullying pode ocorrer a partir dos 3 anos de idade, quando a intencionalidade desses atos já pode ser observada”, afirma o coordenador da Abrapia. |
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Reportagem exibida pelo programa Globo Repórter no dia 18/10/2013. É esta realidade de bullying que desejamos transformar. Conheça mais sobre a Abrace - Programas Preventivos. https://youtu.be/M6EQh7WeVHI
A mãe lê o SMS que matou seu filho de 16 anos. Se ela tivesse chegado 30 minutos antes
Quando Amy Briggs, de Nova York, fala sobre seu filho Daniel, é possível observar claramente o orgulho que ela sente dele: um garoto com um grande coração, que sempre queria ajudar e o fez quando seu vizinho teve câncer. Mas o garoto de 16 anos não está mais vivo. Daniel se matou. Ele foi perseguido e sofreu buillying por 9 anos seguidos - xingado, atingido com lixo e agredido fisicamente. Mas foi o conteúdo de uma mensagem de texto que finalmente serviu como o gatilho de uma tragédia. Daniel não via outra saída. Todas as sílabas são carregadas de angústia quando sua mãe fala sobre o que foi feito com seu filho e como ela o encontrou em seu quarto. Mas Amy Briggs tem algo muito importante a dizer. http://www.dailymotion.com/video/x2u0vlc_daniel-bullying_people
TOP 10: vídeo que lista “meninas mais vadias” em escolas pode virar alvo de CPI 12/06/15 às 14:19 Garotas são vítimas de exposição humilhante na internet e empresas se negam a retirar conteúdo do ar Aumentar Fonte Diminuir Fonte TOP 10: vídeo que lista “meninas mais vadias” em escolas pode virar alvo de CPI O presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo, Carlos Bezerra Jr., sugeriu a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar a divulgação de vídeos em que meninas são expostas em uma lista conhecida como "Top 10", montada por adolescentes que classificam dez meninas como "vadias".
O assunto foi discutido em audiência pública na última quarta-feira (10). Integrantes de movimentos sociais que prestam atendimento às vítimas participaram da reunião e denunciaram que empresas como Facebook e Google não retiram do ar o conteúdo após a reclamação das vítimas e dos movimentos.A lista “Top 10” circula há mais de um ano e tem tido efeito drástico na vida das adolescentes. Muitas garotas abandonaram os estudos, tiveram que mudar de bairro ou cidade e pelo menos 12 vítimas já tentaram suicídio desde o ano passado no Grajaú, Parelheiros e Embu das Artes. Além dos vídeos na internet, listas são coladas em escolas e muros foram pichados com xingamentos. O Facebook e o Google foram convidados a participar da audiência pública, mas informaram que mantêm os vídeos porque atuam de acordo com as diretrizes das sedes das empresas, nos Estados Unidos, e que só compareceriam por ordem judicial. Meninas abandonam estudos e tentam suicídio após entrar para lista das "mais vadias" A deputada Beth Sahão exibiu durante o encontro parte dos vídeos e relatou que há até notícias de suicídios de adolescentes. O presidente da comissão sugeriu a CPI para investigar a conduta das empresas no caso por se tratar de um crime cibernético. A proposta foi apoiada por outros parlamentares e sugerido a Beth Sahão que recolha assinaturas. Os deputados propuseram ainda que o Ministério Público e a Defensoria Pública criem um grupo de trabalho para cobrar a retirada dos vídeos da internet, com notificação extra-judicial, tanto do Facebook quanto do Google, pedindo agilidade. Os parlamentares aprovaram o envio de um ofício para as secretarias da Educação e da Saúde, pedindo capacitação de profissionais para lidar com essa nova realidade nas escolas, além da produção de cartilhas.Algumas vítimas conversaram com a reportagem, mas preferiram não se identificar. T. P., de 15 anos, é uma das garotas que tiveram o nome divulgado em uma lista no Grajaú. Ela afirma que estava em casa, no Jardim Varginha, quando uma amiga a avisou do "TOP 10". — De um dia para o outro, todo o bairro me conhecia e me apontava como piranha. Eu estava em 6º lugar no "TOP 10" com o argumento de que eu me achava e pagava de gostosa na escola. Depois, minhas amigas saíram no "TOP 10 Dá a b...... para o namorado e deixa o c... para os moleques na rua”. Pior foram as minhas amigas que eram lésbicas e os pais não sabiam e fizeram uma lista disso. Todo mundo ficou sabendo. Quem quer ir para a escola depois disso? Ela afirma ainda que frequentava uma igreja evangélica e passou a sofrer preconceito no local depois que outros integrantes ficaram sabendo. — Eu tive que parar de ir até na igreja, porque perguntaram como eu era evangélica e estava numa lista dessas. Só que eu não fiz nada para estar nela. Eu não tenho culpa. Nem mesmo os pais sabiam o que se passava com as filhas. A dona de casa I.M., do bairro Barragem, em Parelheiros, conta que a filha, de 14 anos, ficou uns dois dias chorando trancada no quarto e não queria ir para a escola. — Ficamos desesperados porque ninguém entendia nada. Depois soubemos que ela estava nesse "TOP 10" falando que ela era mais rodada que pneu de caminhão. Tivemos que conversar muito, dar muita atenção para animá-la e fazer com que retornasse para a escola. Ela ainda sofre porque anda na rua e tiram sarro dela. R7
Ranking que virou moda nas favelas de São Paulo leva jovens à depressão. "O Top 10 destruiu a minha filha", diz mãe
Nayara, de 14 anos, e Lara, de 18, disputavam uma coroa, mas não sabiam. Morando no Grajaú e Embu das Artes, extremos de São Paulo, as duas - cujos nomes verdadeiros serão preservados - conquistaram o posto de "Rainhas do Top 10". Apesar do título nobre, o ranking que virou moda na periferia não busca engrandecer as eleitas. “4º lugar: a mais vadia da favela”, exibe a montagem. Com menos de um minuto de duração, os vídeos ganham as vielas pelo WhatsApp e coroam meninas com uma fama que elas nunca desejaram ter.
Reprodução
Reprodução de um 'Top 10' divulgado em favela da zona sul de São Paulo
“Esse Top 10 é uma peste. Está na favela toda”, conta a vendedora Camila, de 33 anos, que usa nome fictício, como as outras entrevistadas. Descobrir que a filha Nayara havia enviado uma foto nua ao colega de classe foi o primeiro susto. No mesmo dia 16 de novembro, a imagem já tinha sido vista por toda a escola e admirada nos botecos de Jd. Santo Eduardo, em Embu das Artes. “Meu mundo caiu”, desabafa.
Um dia após o outro, Nayara conquistava novas posições no Top 10. Até ganhar uma página fake no Facebook. Agora, ela era a Pietra. “Minha vida acabou. Por onde ando sou a 'famosinha do Top 10' ou 'Pietra'. Perdi meu nome, minhas amigas e não gosto de sair de casa. É difícil aguentar isso”, conta a jovem. Para ela, colegas “recalcados” são os responsáveis pela exposição. Mas não quer descobrir. A saída mais fácil foi abandonar a escola e tentar cursar o nono ano do ensino fundamental em outro local.
Brincadeira do Top 10 ganhou fama nos bairros pobres de São Paulo; vídeos expõem jovens de 10 a 18 anos.
As montagens acompanham músicas de funk com conteúdo sexual e usam fotos de redes sociais das vítimas. Poses sensuais são um prato cheio aos agressores, que abusam dos xingamentos contra as jovens, maioria menores de idade. São inúmeros os vídeos na internet que mencionam crianças e adolescentes, com idades entre 9 e 18 anos. Não satisfeitos, os autores ainda picham os muros da rua das eleitas. “S. L. Puta Top 10”, diz a pichação em uma rua no bairro Jd. Castro Alves, região do Grajaú.
“Distribuidora de Aids”
Segundo moradores, a “brincadeira” não é realizada somente por meninos. Kátia, de 45, mora no Jardim Guarujá, zona sul da capital, e aposta que a filha Lara foi prejudicada pela atual namorada do ex. “Ela tem ciúmes e aí espalhou para a favela toda que minha filha era distribuidora de Aids.” Lara então foi levada a um posto de saúde para fazer um exame para DSTs, que veio negativo. Nervosa, Kátia foi até a escola mostrar o resultado para a direção da escola. “Queria limpar a reputação dela. Ando na rua e só escuto: ‘Olha a rainha do Top 10’. Não é justo”, diz a dona de casa.
Arquivo Pessoal
Muro em rua do Jardim Castro Alves exibe pichação sobre Top 10
Após sair no Top 10, Lara passou semanas trancada no quarto, chorou muito e decidiu cortar as amizades do bairro. Em momentos de raiva, chegou a dizer para a mãe que acabaria com a própria vida, pois não aguentava a vergonha. “Hoje voltou a trabalhar, frequenta a faculdade. Mas só isso. Não fala tanto e já não é mais a filha que eu tinha antes. O Top 10 destruiu minha filha”, lamenta Kátia.
Para a psicóloga Elânia Francisca, que oferece oficinas de sexualidade na Unidade Básica de Saúde (UBS) no Grajaú, a exposição gera consequências graves nas adolescentes. Pode traumatizar e evoluir para uma depressão. A profissional busca hoje alertar agentes de saúde sobre a prática nas comunidades e participa do grupo Mulheres na Luta, que irá cobrir as pichações pelo Grajaú no dia 23 de maio.
“É uma espécie de bullying com uma questão machista muito forte. Elas sofrem com a perseguição quando apenas estão descobrindo a sexualidade e, sem apoio, se fecham no próprio mundo”, avalia. Segundo Elizânia, a prática começou como um ranking das mais bonitas da escola e virou hoje uma arma de humilhação. “Independente de elas terem feito alguma coisa ou não”.
O coletivo Abayomi Aba - Pela Juventude Negra Viva da região de Parelheiros, bairro extremo da zona sul da capital, se reuniu neste mês para debater a necessidade do Top 10 ser discutido dentro das salas de aula. Para Tati Preta Soul, fundadora do grupo, a prática acaba com a sexualidade da menina. “Ele diz para a vítima que ela não deve confiar em ninguém e que ela mereceu ser exposta daquele jeito.”
http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2015-05-02/rainhas-do-top-10-videos-divulgados-em-redes-sociais-humilham-meninas-em-sp.html
Ranking' expõe intimidade sexual de alunas da USP e causa revolta
Material cita também homossexuais e foi exposto no campus de Piracicaba. Lista tem apelidos que identificam estudantes; instituição vai apurar o caso.
Claudia AssencioDo G1 Piracicaba e Região
Cartaz colocado no Centro de Vivência da USP de Piracicaba (Foto: Élice Botelho/Arquivo pessoal)
Um cartaz com uma espécie de 'ranking' da vida sexual de alunas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), campus da USP em
Piracicaba (SP), revoltou um grupo de estudantes da instituição. O material foi colocado no Centro de Vivência, o pátio onde os universitários se reúnem, mas retirado depois de causar polêmica e manifestações contrárias que se espalham pelos muros da unidade. A universidade informou que vai apurar o caso. Considerado preconceituoso e ofensivo por alunos e professores, o cartaz era dividido em colunas que atribuíam, com palavra de baixo calão e termos como "teta preta", as supostas características das estudantes listadas pelos apelidos com que foram batizadas no campus, além do número de pessoas que teria mantido relações. Os "codinomes" são uma tradição na Esalq e muitos universitários os carregam após o curso.
O professor Antonio Ribeiro de Almeida Junior, da Esalq, pesquisa diferentes tipos de abusos nas universidades há 14 anos e chegou a relatar casos de violência à
CPI dos Trotes no início do ano. Ele disse que o ranking comprova a existência de uma cultura da discriminação no campus. "O cartaz tem caráter de assédio e conteúdo difamatório intencional", disse. De acordo com o professor, materiais como esse já foram produzidos antes, mas nunca tinham sido expostos como aconteceu nesse caso. "Foi a primeira vez que colocaram em local público. Isso dá margem para que as pessoas, reconhecidas por seus codinomes, sejam discriminadas", criticou. Segundo ele, o cartaz também cita homossexuais.
Cartaz feito em repúdio à lista discriminatória na Esalq Piracicaba (Foto: Claudia Assencio/G1)
Cartaz de repúdio também foi exposto no Centro de Vivência da Esaql (Foto: Claudia Assencio/G1)
Revolta A aluna da Esalq e integrante do Diretório Central dos Estudantes, Élice Natalia Botelho, de 22 anos, ficou revoltada com o conteúdo do cartaz e se posicionou sobre o abuso em uma rede social na internet.
Cartazes de repúdio se espalham pela Esalq, em Piracicaba (Foto: Claudia Assencio/G1)
Em trecho de texto de repúdio, ela afirma: "Percebi que os níveis de machismo, lgbtfobia e racismo da Esalq não param de piorar. (...) Pensei que a CPI de Violação de Direitos Humanos das Universidades Estaduais Paulistas tivesse alertado as pessoas, mas a prova [cartaz com o ranking] mostra que, na verdade, tem gente que está no caminho oposto". A jovem contou que algumas meninas se juntaram e fizeram cartazes de repúdio ao material exposto no final de maio com os termos preconceituosos, mas os primeiros protestos também foram retirados do Centro de Vivência. "Foram arrancados por alguém que se incomodou e, após isso ter ocorrido, elas voltaram a fazer mais cartazes", afirmou.
'Lógica de poder' O episódio, para o professor Almeida, é uma evidência de que há grupos que sustentam uma cultura opressora no campus. "Eles têm o objetivo de discriminar e atuam com uma lógica de poder", afirmou Almeida. O professor disse que mesmo após as investigações, casos como esse ainda são comuns.
Esalq A instituição afirmou que soube do caso após ser questionada pela reportagem. "A direção do campus tomou ciência, por meio de informação do Portal
G1, da existência de material que foi exposto no mural do Centro de Vivência e encaminhará o material para apreciação de uma comissão sindicante, cumprindo trâmite regular", informou a Esalq em nota da assessoria de imprensa.
Cartaz foi exposto no Centro de Vivência da Esalq em Piracicaba (Foto: Claudia Assencio/G1)