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Caminhos Para Repensar A Medicina Nos Dias Atuais
Caminhos para repensar a medicina nos dias atuais
Os avanços da ciência e da tecnologia desafiam a humanização dos procedimentos médicos
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- ESTÚDIO GLOBO
02 MAR 2017 - 17H18 ATUALIZADO EM 02 MAR 2017 - 17H18
É preciso ir além do conhecimento científico para formar profissionais capacitados (Foto: Thinkstock)
Com o avanço da tecnologia, é inegável reconhecer que um novo cenário se constituiu no universo da saúde. Uma medicina que foca na causa da doença, e não apenas no tratamento dos sintomas, é uma das principais necessidades do século. E estar preparado para os novos tempos deve ser meta nas escolas de medicina. É preciso que proporcionem oportunidades de colocar o conhecimento em prática, estejam permanentemente atualizadas e invistam em tecnologia, estrutura e capacitação docente. Tudo isso sem deixar de lado um componente fundamental: a humanização. O grande desafio dos médicos que chegam é tornarem-se promotores da saúde integral do ser humano.
“Na profissão médica, o conhecimento técnico, a sensibilidade e o respeito ao ser humano andam juntos, são indissociáveis. O médico formado sem uma importante reflexão sobre si e sobre o outro sabe medicina, mas não é, necessariamente, um bom profissional médico. A sustentação desses valores durante os seis anos de graduação deve ser planejada para que dure pela vida inteira. Essa é a grande responsabilidade das universidades contemporâneas que formam médicos”, afirma Nêmora Tregnago Barcellos, doutora em Ciências Médicas e coordenadora do curso de medicina da Unisinos. “Nossa meta é formar seres humanos com competências e habilidades para cuidar integralmente do outro”, revela a professora.
E, se bem aplicada, a tecnologia pode ser uma grande aliada na interação médico-paciente. “Há estudos que demonstram aumento de confiança e segurança por parte dos pacientes quando há o uso da tecnologia. Creio que o mais importante é sempre ter em mente quem serve a quem. Ou seja, a tecnologia deve ser o meio, e não o fim, para o cuidado de uma pessoa”, explica Ana Claudia Tonelli, doutora em cardiologia e integrante do núcleo docente estruturante do curso de medicina da Unisinos.
O uso da ecografia à beira do leito é um bom exemplo de experiência positiva na interação médico-paciente, segundo a pesquisadora. “O médico, enquanto assiste o paciente e o examina com o equipamento, pode aproveitar e explicar o que preocupa, o que está sendo visto e qual o plano a partir dali”, observa.
Confira alguns caminhos para encarar os desafios da medicina nos dias atuais:
Fazer bom uso da tecnologia
Que a tecnologia está disponível para facilitar a nossa vida, não há dúvidas. Na medicina, são inúmeros os benefícios que ela pode trazer, basta estar atualizado e saber fazer bom uso da tecnologia. Smartphones e seus inúmeros aplicativos, a “gamificação”, a robótica, os exames de alta tecnologia ou mesmo os tratamentos mais tecnológicos trazem precisão e agilizam o atendimento. Contudo, o mais importante é sempre ter em mente quem serve a quem, ou seja, a tecnologia deve ser o meio e não o fim para o cuidado de uma pessoa.
Manter-se atualizado e crítico às informações disponíveis
Hoje, basta um clique para acessar todo e qualquer tipo de informação médica na internet. E essa suposta facilidade requer cuidado, tanto dos profissionais quanto dos pacientes. Como nem sempre informação se traduz em conhecimento, deve-se fazer um exercício crítico permanente.
Valorizar o momento do exame clínico
Esse é um momento que vale ouro para ambas as partes. O médico disponível, atencioso, que investiga, ouve, examina adequadamente e que raciocina clinicamente terá mais sucesso em qualquer situação. Esse sucesso se traduz em diagnósticos e tratamentos mais corretos, mas o principal é que está associado à maior satisfação do paciente e de sua família. Essas qualidades continuam sendo elementos essenciais e insubstituíveis para o exercício da boa medicina.
Bem aplicada, a tecnologia pode ser uma grande aliada na interação médico-paciente (Foto: Thinkstock)
Exercitar a empatia
O médico tem de ir além do conhecimento técnico para lidar com o ser humano. Para isso, deve investir em atividades relacionadas às ciências sociais e humanas, à comunicação interpessoal, à construção do conhecimento e à saúde pública. Generosidade, compaixão e empatia são aptidões primordiais na formação de um médico e de qualquer outro profissional.
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