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Clássicos Indicados Pela Unesp
6 filmes clássicos de ciência e ficção científica indicados por professores da Unesp
Referências indispensáveis para quem se interessa pelo gênero!
05/08/2015 - 08H08/ ATUALIZADO 13H1111 / POR ANDRÉ JORGE DE OLIVEIRA
Quando levamos em conta a relevância das produções audiovisuais no mundo atual, pode ser um pouco difícil de imaginar que o cinema não tem muito mais de um século de existência. A linguagem se desenvolveu tanto ao longo de sua curta vida que parece acompanhar a humanidade há muito mais tempo. E desde que a atividade surgiu, na virada do século 19 para o 20, os cineastas já se aproveitavam da credibilidade e do apelo do conhecimento científico para enriquecer as histórias que contavam por meio de imagens e, um pouco mais tarde, também de sons. Às vezes retratada nas telas de um jeito mais realista, mais frequentemente sendo reinterpretada pela imaginação fértil dos roteiristas de ficção científica, o fato é que a ciência inspirou diversos clássicos ao longo da história do cinema.
Alguns deles foram indicados por professores da Unesp em uma lista de filmes para saber mais de ciência e tecnologia. Separamos seis indicações dos docentes de longas que se tornaram referências do gênero. Confira:
2001: Uma Odisseia no Espaço (1968)
Clássico absoluto e certamente uma das melhores produções cinematográficas de todos os tempos, 2001 - Uma Odisseia no Espaço conseguiu mesclar de um jeito primoroso diversos elementos narrativos e reflexões filosóficas. Temas científicos e tecnológicos complexos como exploração espacial, inteligência artificial e vida extraterrestre são abordados paralelamente a discussões culturais como a evolução humana. A obra ainda conta com uma fotografia ousada e uma trilha sonora marcante, muito inspirada na música clássica. Tudo isso junto concedeu ao longa uma estética absolutamente original. "Ao colocar a discussão da inteligência artificial num patamar novo, este filme de 1969 de Stanley Kubrick, baseado na obra de Arthur C. Clark, é imperdível", comentou Claudemilson dos Santos, professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Unesp de Presidente Prudente.
O Nome da Rosa (1986)
Em uma atuação impecável, o ator Sean Connery dá vida ao questionador monge franciscano Guilherme de Baskerville, chamado às pressas a um mosteiro italiano medieval para investigar vários casos de religiosos que tiveram mortes enigmáticas no lugar. A trama baseada no livro do escritor Umberto Eco se desenrola em 1327, época em que a Igreja Católica já exercia poderio absoluto em todo o continente europeu. As mortes, é claro, foram tidas desde o princípio como obra do demônio. Mas a investigação minuciosa conduzida por Guilherme acabou provando o óbvio: o mistério tinha uma explicação muito mais racional (e controversa) do que aparentava. Por embasar seus julgamentos em evidências e não em dogmas ou verdades reveladas, o frade é representado como uma espécie de precursor do cientista moderno. O filme também discute a relação de intolerância do pensamento religioso para com o científico.
Gattaca: A Experiência Genética (1997)
Para quem não é familiarizado com o conceito de distopia, é o oposto de uma utopia. Quando a população vive de forma decadente, oprimida de diversas maneiras por governos totalitários ou corporações superpoderosas, podemos chamar essa sociedade de distópica. O tema é tratado com frequência pela ficção científica e, via de regra, a ciência e a tecnologia são usadas pelos poderosos para aumentarem ainda mais seu poder. Gattaca se passa em um futuro não tão distante, onde vigora uma espécia de “ditadura da genética”. Isso gera uma série de preconceitos e cria verdadeiras castas sociais. "O filme aborda questões sobre a manipulação genética de seres humanos, do determinismo genético e controle social. Traça a trajetória de um indivíduo concebido biologicamente, cujo genoma não sofreu manipulação genética, que tenta superar as limitações impostas pela sociedade para seres humanos considerados impuros", aponta Ivan de Godoy Maia, do Instituto de Biociências da Unesp em Botucatu.
A Guerra do Fogo (1981)
Outro assunto bastante explorado por roteiros do gênero são os primórdios da espécie humana - como, afinal, chegamos onde chegamos? Que tipo de avanço fez com que, em poucos milhares de anos, nos transformássemos de caçadores-coletores nômades em uma espécie inteligente capaz de explorar o cosmos? Quando a questão é encarada dessa forma, dá para entender por que ela fascina tanta gente. O filme se passa justamente neste período longínquo, e conta a história de dois grupos de hominídeos - um deles havia começado a dominar uma linguagem primitiva, enquanto o outro ainda vivia de forma mais rudimentar. Tendo o fogo como elemento central, a narrativa utiliza muita linguagem corporal para reconstruir os intercâmbios entre as duas comunidades. "O grupo que já pode se comunicar domina a produção do fogo e começa a ter contato com outras tribos, abrindo a perspectiva para a evolução da espécie humana", diz João Eduardo Hidalgo, doutor em cinema e professor da Unesp de Bauru.
Jogos de Guerra (1983)
Durante a Guerra Fria, vários filmes retrataram de alguma forma a tensão entre Estados Unidos e União Soviética. Muitos deles simulavam o que aconteceria caso as duas superpotências resolvessem se atacar. Jogos de Guerra segue uma linha um pouco mais original para abordar o assunto - o longa traz à tona a possibilidade de a terceira guerra mundial ser provocada de forma “acidental”, sem que nenhuma ameaça verdadeira de fato existisse. Na história, o hacker adolescente David Lightman invade o que ele pensa ser um jogo de guerra, sem saber que estava brincando em um sistema militar de verdade, usado pelo exército dos EUA. Ele simplesmente escolhe jogar pelo lado da URSS e dá ordens de ataque a grandes cidades americanas, provocando a resposta das autoridades. "Conta de forma romântica a possibilidade de um ataque hacker que poderia causar uma guerra nuclear. Tem vários aspectos tirados de casos verdadeiros dos anos 1980", observa Adriano Cansian, professor da Unesp em São José do Rio Preto.
Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembrança (2004)
Grande sucesso de crítica e de público no início dos anos 2000, o filme apresenta alguns aspectos de ficção científica, fortemente influenciados por uma abordagem psicológica. A narrativa não é linear e explora de um jeito profundo o papel de elementos como a memória e o passado na vida das pessoas. A relação entre Joel Barish (Jim Carrey) e Clementine Kruczynski (Kate Winslet) é o foco da história: depois de se separarem, ambos contratam os serviços de uma empresa para se submeterem a um questionável procedimento de apagamento de lembranças. Querem se esquecer completamente um do outro. Mas aos poucos, a trama toda fica mais complexa. "Eis um um belo retrato das relações humanas, sem idealizações. A ciência, aqui, entra como personagem na construção possível de um relacionamento com determinadas marcas apagadas para a solidificação de tal visão amorosa nua e crua", explica Cristiane Guzzi, pós-doutoranda da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp de Araraquara.
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