Artigo
Como Falar De Obesidade? É Preciso Discutir Essa Questão No Brasil Sem Cair Na Gordofobia
COMO FALAR DE OBESIDADE?
É preciso discutir essa questão no Brasil sem cair na gordofobia
20 AGO 2020 | COMPORTAMENTOS EMERGENTES
NO MUNDO
2,7 BI
de pessoas têm sobrepeso ou obesidade
Fonte: Organização Mundial da Saúde (OMS)
Photo by AllGo - An App For Plus Size People on Unsplash
NO BRASIL
33,5%
das crianças entre 5 a 9 anos sofrem com obesidade ou sobrepeso
1 em 5
adultos com 18 anos ou mais são obesos
Fonte: Ministério da Saúde - Vigitel Brasil 2019
% população adulta no Brasil (≥18 anos) com obesidade (IMC ≥ 30kg/m2)
Fonte: Ministério da Saúde - Vigitel Brasil 2019
RIO DE JANEIRO
a capital do culto ao corpo?
A cidade está entre as capitais acima da média da obesidade no Brasil
Fonte: Ministério da Saúde - Vigitel Brasil 2019
% população adulta nas capitais + DF (≥18 anos) com obesidade (IMC ≥ 30kg/m2)
Fonte: Ministério da Saúde - Vigitel Brasil 2019
média BR – 20,3%
das maiores para menores
capitais com maior % de adultos obesos
Manaus (23,4%)
Rio Branco (23,3%)
Macapá (22,9%)
Campo Grande (22,5%)
Cuiabá (22,5%)
Natal (22,5%)
Recife (21,7%)
Rio de Janeiro (21,7%)
Porto Alegre (21,6%)
Boa Vista (21,2%)
Aracaju (20,6%)
João Pessoa (20,4%)
das menores para maiores
capitais com menor % de adultos obesos
Palmas (15,4%)
São Luís (17,2%)
Vitória (17,6%)
Teresina (17,6%)
Florianópolis (17,8%)
Salvador (18,1%)
Curitiba (19,4%)
Goiânia (19,5%)
DF (19,6%)
Belém (19,6%)
São Paulo (19,9%)
Porto Velho (19,9%)
Fortaleza (19,9%)
Belo Horizonte (19,9%)
Maceió (20%)
Fonte: Ministério da Saúde - Vigitel Brasil 2019
tempo e estresse são barreiras para cuidar
da saúde física e mental dos brasileiros
brasileiros gostariam de poder ter mais tempo
53%
para cuidar da saúde física (ex. visitar o médico, fazer exercícios)
45%
para cuidar da saúde emocional/mental (ex. fazer terapia, meditação)
Fonte: Mintel – Estilo de vida ocupado – dez/2019
96%
acreditam que fazer exercícios físicos de forma regular é importante para manter tanto a saúde física quanto mental
Fonte: Mintel – Estilo de vida ocupado – dez/2019
quanto menor a escolaridade
maior o alerta para o problema
Os brasileiros com menor grau de educação são os que mais apresentam problemas de saúde, como excesso de peso, obesidade, hipertensão e diabetes
% de indivíduos com excesso de peso, obesidade, que referiram diagnóstico de pressão arterial e diabetes, na população brasileira adulta (≥ 18 anos), por anos de escolaridade
0 a 8 anos de escolaridade
9 a 11 anos de escolaridade
12 a mais anos de escolaridade
Fonte: Ministério da Saúde – Vigitel 2019 / Mintel
doenças relacionadas
à obesidade
FONTE: G1
10 kg de excesso de gordura corporal
aumenta o risco de depressão em 17%
Fonte: Artigo na Translational Psychiatry
8 em 10
obesos acreditam que emagrecer é uma responsabilidade exclusivamente individual
6 anos
média de tempo em que indivíduos obesos tentam perder peso sozinhas antes de levar a questão ao consultório
Fonte: Estudo Novo Nordisk - Diabetes, Obesity and Metabolism – 2019
é preciso escancarar os gaps entre
percepção, realidade e ações
como pensam os profissionais de saúde
71%
dizem que obesos não estão interessados em perder peso
35%
acreditam que seus pacientes se empenharam para controlar o peso
como pensam as pessoas com obesidade
7%
apenas afirmam não ter interesse de fato em perder peso
81%
afirmam já terem feito um esforço sério na vida para controlar o peso
Fonte: Estudo Novo Nordisk - Diabetes, Obesity and Metabolism – 2019
7 em 10
pessoas obesas gostariam que os médicos iniciassem uma conversa séria sobre o assunto – só 3% se sentiriam ofendidos pelo tópico
Fonte: Estudo Novo Nordisk - Diabetes, Obesity and Metabolism – 2019
não devemos usar o mote da saúde
para perpetuar o preconceito
é preciso falar sobre
gordofobia
“Gordofobia é um neologismo para o comportamento de pessoas que julgam alguém inferior, desprezível ou repugnante por ser gordo”Dr. Adriano Segal, psiquiatra do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz
índice de busca pelo termo 'gordofobia' no Google Trends (Brasil) - 12 meses
Fonte: Google Trends – junho/19 a maio/20
gordo não é piada
sobre o caso
O Porta dos Fundos divulgou vídeo que teve conteúdo apontado como gordofóbico
Bianca Barroca, ativista contra a gordofobia e pró-LGBT+, decidiu explicar porque conteúdo do Porta dos Fundos era gordofóbico.
Assista aqui
Muitas pessoas e personalidades também se manifestaram
sobre o desdobramento
O canal avaliou as críticas, decidiu rever o conteúdo e tirá-lo do ar. Fábio Porchat se manifestou: “...o importante é conversar com as pessoas. Vamos conversar com as pessoas, aprender com os erros”
Além de se desculpar, Porchat convidou Bianca Barroca para um debate sobre a questão da gordofobia
Assista aqui
O conteúdo Teste Covid-19 foi refeito pelo Porta dos Fundos e colocado no ar.
Assista aqui
memes gordofóbicos da quarentena
Mais uma forma de ‘body shaming’. Mas, o que é isso?
Em português, o termo significa "vergonha do corpo“, mas vai além. Para quem não sabe ainda, body shaming é quando alguém, a partir de comentários ofensivos ou inapropriados, faz com que o outro se sinta humilhado pelo corpo que tem.
a gordofobia funciona como
qualquer outro preconceito
7 em 10
brasileiros já fizeram comentários preconceituosos
Fonte: Pesquisa Skol Diálogos - Ibope Inteligência – Setembro/17
o preconceito existe
Em geral, brasileiro não se reconhece como preconceituoso:
17% declaram ter preconceitos (21% no Sudeste)
>
45% conseguem enxergar preconceito
nos comentários feitos por alguém do seu convívio, mas metade deles não reage diante da situação
>
Muitas formas de preconceitos estão presentes no Brasil (praticadas ou presenciadas):
99% machismo
97% racismo
97% homofobia
92% gordofobia
>
O preconceito falado (frases ditas)
49% - mulher tem que se dar o respeito
26% - não sou preconceituoso, até tenho um amigo negro
25% - pode ser gay, mas não precisa beijar em público
25% - ele(a) é bonito, mas é gordinho(a)
Fonte: Pesquisa Skol Diálogos - Ibope Inteligência – Setembro/17
é preciso entender o contexto para
nos libertar dos padrões de beleza
o padrão de beleza ideal
a carga imposta, especialmente às mulheres, ao longo das décadas
ANOS 50
Marilyn Monroe foi uma das principais referências para instituir padrões de beleza: chamavam atenção os quadris largos e seios fartos
ANOS 60
Seios e quadris avantajados, cintura finíssima: o corpo violão era o principal estereotipo da mulher dos anos 60.
ANOS 70
Os anos 1970 foram marcados pela liberação sexual e pela buscar por igualdade de direito entre os gêneros. Os novos padrões tinham a liberdade como base.
ANOS 80
Uma década marcada pela loucura fitness. O corpo da mulher escultural e malhado era colocado em um pedestal
ANOS 90
O padrão alta e magra foi representado por grandes modelos da época, como Kate Moss. A beleza deixou de ser associada à saúde para se tornar um forte padrão social
ANOS 2000
Os anos 2000 foram a década de Gisele Bündchen, a modelo brasileira mais bem-sucedida se tornou uma espécie de padrão de beleza ideal no mundo
ANOS 2010-2020
A última década vem sendo marcada pela contestação dos padrões estabelecidos. Mas, o culto ao corpo jovem, magro e branco ainda prevalece
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP)
18,3%
foi o crescimento de intervenções cirúrgicas entre 2016 e 2018
1,7 MI
de plásticas em 2018, sendo que 60,3% foram cirurgias estéticas
Fonte: Censo Cirurgias Plásticas – Sociedade Brasileira de Circurgia Plástica (SBCP)´-2018
BRASIL É LÍDER EM CIRURGIAS PLÁSTICAS EM ADOLESCENTES
+141%
é o aumento de procedimentos em jovens brasileiros entre 13 e 18 anos em 10 anos
A cirurgia mais procurada por esse público no mundo é a rinoplastia
Fonte: Sociedade Brasileira de Circurgia Plástica (SBCP)´-2018
é preciso conhecer mais para
combater a gordofobia
O Body Positive surgiu nos EUA e se fortalece no Brasil como Movimento Corpo livre
A ideia é ajudar pessoas (principalmente mulheres) a aceitarem seus corpos como são e ter um olhar mais afetuoso para o corpo do jeito que ele é
A VERDADE DOVE SOBRE A BELEZA
Apenas 4% das mulheres em todo o mundo se consideram bonitas (um aumento em relação aos 2% de 2004)
Apenas 11% das garotas no mundo se sentem confortáveis em se descreverem como “bonitas”
72% das garotas sentem uma imensa pressão para serem bonitas
80% das mulheres concordam que toda mulher tem algo bonito em si; mas, elas não enxergam sua própria beleza
Mais da metade das mulheres no mundo (54%) concordam que, no que se refere a aparência, elas mesmas são as que mais se criticam
Fonte: Pesquisa Dove: A Real Verdade Sobre Beleza: Segunda Edição.
10 frases para repensarmos
#1
“Ela é tão bonita de rosto!”
#2
“Você não é gorda não. Você é fofinha!”
#3
“Ele viu a beleza interior dela!”
#4
“Ela não deveria usar aquilo. Ela é gorda!”
#5
“Amiga, eu tô tão gorda!” “Claro que não. Você está linda!”
#6
“Tudo bem ser fofinha. Homem gosta de ter onde apertar mesmo”
#7
“Você poderia se cuidar um pouco mais, né? Fazer uma dieta…”
#8
“Você poderia se cuidar um pouco mais, né? Fazer uma dieta…”
#9
“Nossa, mas você vai comer mais?”
#10
“Mas você já pensou na sua saúde”
10 livros para nos inspirar
A Gorda, de Isabela Figueiredo
Fome, a autobiografia do (meu) corpo, de Roxane Gay
Fominismo, de Nora Bouazzouni
Não Sou Exposição, de Paola Altheia
O mito da beleza, de Naomi Wolf
Pare de se odiar, de Alexandra Gurgel
Poder Extra G, de Thati Machado
Amor Plus Size, de Larissa Siriani
Gabyanna – Negra & Gorda”, de Gabriela Rocha
Dumplin´, de Julie Morphy
10 ativistas para seguirmos
é preciso debater e representar
na luta contra a gordofobia
Jovens ligados ao Movimento Corpo Livre no Como Será
padrão de beleza
Especialista em Pesquisa e Insights de Negócios
Inteligência de Mercado | Globo