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Artigo

Conheça Nise Da Silveira
27/03/2020 Priscila Germosgeschi

 

Quem foi Nise da Silveira, psiquiatra que humanizou os tratamentos no Brasil

Expoente da luta antimanicomial e contrária a métodos agressivos, a alagoana fez da arte uma aliada no tratamento psiquiátrico no país

2 min de leitura

  • JÉSSICA FERREIRA

21 SET 2019 - 13H44 ATUALIZADO EM 21 SET 2019 - 13H44

Nise da Silveira, uma das maiores psiquiatras do Brasil (Foto: Divulgação)

Pioneira da terapia ocupacional, a alagoana Nise da Silveira mudou os rumos dos tratamentos psiquiátricos no Brasil. Filha de uma pianista com um professor de matemática, ela se rebelou contra os métodos agressivos aplicados em pacientes com transtornos mentais, como o eletrochoque e o confinamento. A psiquiatra nasceu em 1905 e morreu aos 94 anos.

Única mulher na turma de Medicina
Antes de revolucionar a psiquiatria, Silveira já deixava sua marca na Faculdade de Medicina da Bahia, onde foi a única mulher em uma turma de 158 alunos. Concluiu o curso com o estudo “Ensaio Sobre a Criminalidade da Mulher no Brasil”.

Presa política no governo de Getúlio Vargas
Acusada de se envolver com o comunismo ao manter livros subversivos, a psiquiatra foi presa durante o Estado Novo de Getúlio Vargas, entre 1936 e 1937, período em que conheceu no presídio a revolucionária Olga Benário e o autor alagoano Graciliano Ramos. Este chegou a mencioná-la na obra Memórias do Cárcere.

Oposição aos tratamentos agressivos dos manicômios
Silveira se manifestou contra os tratamentos agressivos enquanto trabalhava no antigo Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, no Rio de Janeiro. Avessa aos eletrochoques, isolamentos, lobotomias e camisas de força, foi transferida para a área de terapia ocupacional, considerada uma repreensão. Mas foi lá que a psiquiatra encontrou o espaço necessário para investir em métodos humanizados na recuperação de pacientes.

A psiquiatra Nise da Silveira (Foto: Divulgação)

A arte como aliada
Um dos tratamentos desenvolvidos por Silveira foi a expressão dos sentimentos pelas artes, especialmente em pinturas. A produção artística de alguns pacientes ganhou reconhecimento pela qualidade estética, além de ter demonstrado resultados positivos na recuperação. As obras estão expostas no Museu de Imagens do Inconsciente, inaugurado em 1952 por Silveira, cinco anos após fundar a Seção de Terapêutica Ocupacional e Reabilitação no centro onde trabalhava. Elas já haviam ganho notoriedade ao serem expostas no Museu de Arte Moderna de São Paulo e na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. A instituição Casa das Palmeiras, criada por Silveira em 1956 e focada em reabilitar sem internação, também investiu no processo criativo e afetivo dos pacientes.

Os animais também ajudavam no tratamento
Além da arte, o contato com cães e gatos também foi um dos tratamentos introduzidos por Silveira no Brasil. Os pacientes podiam cuidar dos animais que estavam nos espaços abertos do centro, estabelecendo vínculos afetivos. A psiquiatra escreveu um livro dedicado aos felinos, chamado Gatos, a Emoção de Lidar.

Interesse de Carl Jung
Um dos mais conhecidos psiquiatras e psicoterapeutas da história, o suíço se correspondia com a médica brasileira. Ela chegou a ser convidada a passar um ano estudando no Instituto Carl Gustav Jung, na Suíça, em 1957. Silveira havia relatado em carta o tratamento que desenvolveu e encaminhado para Jung fotografias de desenhos realizados pelos pacientes. Ela se tornou uma das principais precursoras das práticas junguianas no Brasil e formou o Grupo de Estudos C. G. Jung, além de ter escrito Jung: Vida e Obra.

Sua história virou filme
Lançado em 2015, “Nise – O coração da Loucura”, foi  dirigido por Roberto Berliner e baseado no livro “Nise - Arqueóloga dos Mares”, de Bernardo Horta. Ele retrata a importância da trajetória da psiquiatra alagoana na medicina brasileira.

 

Fonte: 

https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2019/09/quem-foi-nise-da-silveira-psiquiatra-que-humanizou-os-tratamentos-no-brasil.html

 

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