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Estratégias Bem-Sucedidas De Combate Ao Coronavírus
5 locais com estratégias bem-sucedidas de combate ao coronavírus
Alemanha, Coreia do Sul, Japão, Singapura e uma pequena cidade na Itália aplicaram medidas que ajudaram a mitigar a expansão dos contágios e mortes em seus territórios.
Por BBC
30/03/2020 09h23 Atualizado há um mês
É difícil encontrar alguém que não considere a pandemia da Covid-19 a pior crise global desde a Segunda Guerra Mundial.
Enquanto alguns países sofrem as piores consequências (China, Espanha, Itália e Estados Unidos), outros implementaram estratégias que retardaram a expansão do novo coronavírus.
E as estratégias são variadas: vão da massificação dos testes de vírus ao extremo isolamento social, quarentenas localizadas e até monitoramento da população mais vulnerável.
Selecionamos essas "histórias de sucesso". Alerta de spoiler: todas fazem testes em massa, não apenas em pacientes graves.
1. Por que a Alemanha tem um número tão baixo de mortes por Covid-19 em comparação a outros países?
Homem tira foto de um aviso sobre coronavírus na Alemanha, em 26 de fevereiro de 2020 — Foto: Wolfgang Rattay/File Photo/Reuters
Apesar de ser o quinto país com o maior número de infecções no mundo pela Covid-19, o número de vítimas fatais do vírus é muito menor do que o de outros países que relataram números semelhantes de infecções, como Espanha, Itália ou Reino Unido.
"Embora não saibamos o motivo exato, a verdade é que recomendamos, a partir do momento em que ficamos sabendo da emergência, expandir o número de exames entre a população e, assim, reduzir a possibilidade de contágio", informou o Instituto Robert Koch de Virologia, responsável pela estratégia alemã contra a covid-19, quando consultado pela BBC.
Uma das chaves para a baixa taxa de mortalidade pode ser a identificação precoce de portadores de vírus, o que retarda a propagação da doença.
As autoridades alemãs indicaram que são capazes de realizar 160 mil testes de diagnóstico por semana.
Outros países que também têm dezenas de milhares de infecções confirmadas reservam exames laboratoriais para confirmar quem tem o vírus para pacientes com sintomas mais preocupantes, e não testam aqueles com sintomas leves.
2. Como o Japão conseguiu controlar a Covid-19 sem recorrer ao isolamento geral obrigatório
Mãe coloca álcool em mão de criança na cidade de Iwate, no Japão, em 23 de março de 2020 — Foto: Philip Fong/ AFP
Confrontado com a pandemia da Covid-19, o Japão era um terreno fértil para o vírus causar estragos sérios: tem a maior proporção de pessoas com mais de 65 anos no planeta e um alto nível de consumo de tabaco, o que torna sua população mais vulnerável a doenças respiratórias.
Mas, ao contrário de outros países que recorreram ao isolamento social para limitar a propagação do vírus, os japoneses optaram por continuar se aglomerando em eventos públicos, como ao redor das famosas cerejeiras que começam a florescer nesta época do ano.
Embora recomendem o distanciamento, as autoridades não impuseram à população as mesmas medidas extremas adotadas na China, Espanha ou Itália nas últimas semanas.
Comparado à China e à Coreia do Sul, as taxas de contágio e mortalidade do Japão são muito menores. Uma das razões por trás desses números pode ter sido a reação rápida do país para identificar focos de infecção e proteger a população mais vulnerável, bem como seu foco em "grupos de contágio".
Segundo Kenji Shibuya, diretor do Instituto de Saúde da População do King's College, em Londres, o Japão é muito eficiente em testar pessoas em busca do vírus, identificar grupos de contágio e isolá-los.
"A única maneira de lidar com qualquer pandemia é testar e isolar. E muitos países não ouviram. No Japão, eles estão desesperados para rastrear os infectados. E estão indo bem em termos de identificar e isolar os grupos doentes", disse à BBC News Mundo (serviço da BBC em espanhol).
3. Detetives de doenças combatem a epidemia em Singapura
Medição de temperatura para prevenção contra o coronavírus em Singapura — Foto: Ee Ming Toh/AP
Os exames e o isolamento social têm sido as principais medidas para conter o número de infecções por Covid-19.
Mas Singapura foi além: usou detetives de doenças para descobrir onde o vírus estava no país. E assim conseguiu cortar a cadeia de contágio dos focos de infecção.
O país possui um sofisticado e extenso programa de rastreamento de contatos capaz de seguir a cadeia de vírus de uma pessoa para outra, permitindo que indivíduos - e todos os seus contatos próximos - sejam identificados e isolados antes que seja tarde demais.
Ao saber que um motorista de táxi, por exemplo, foi infectado, a polícia conseguiu rastrear as pessoas que usaram o táxi - e avisá-las, por mensagens de texto, para que permaneçam em quarentena.
Dessa forma, o país conseguiu cortar a cadeia de contágio em um dos principais focos de seu território.
4. O povo italiano que conseguiu conter a propagação do vírus com um experimento 'único no mundo'
Uma cidade pitoresca na região de Veneto, chamada Vo 'Euganeo, estava no epicentro da pandemia da Covid-19 na Itália.
E foi o cenário de uma estratégia radical de combate ao vírus: na escola da cidade, um centro de análise foi instalado para fazer o exame da doença a todos os moradores que assim o desejassem.
O professor de Epidemiologia e Virologia do Hospital da Universidade de Pádua, Andrea Crisanti, disse à BBC Mundo que eles conseguiram diagnosticar quase todas as pessoas desta cidade italiana.
Os investigadores detectaram o vírus em 89 pessoas. As autoridades ordenaram isolamento imediato em suas casas por 14 dias. Outra coisa chamou sua atenção: entre 50% e 60% deles apresentaram poucos sintomas ou mesmo nenhum.
A partir daí, aplicaram um método experimental que lhes permitiu chegar a duas conclusões: "Nós demonstramos cientificamente que o período de incubação do vírus é de duas semanas e que qualquer estratégia de contenção deve levar em conta o alto número de positivos assintomáticos".
Com esses dados, conseguiram conter a epidemia no local.
5. Estratégia da Coreia do Sul para salvar vidas em meio à pandemia
A Coreia do Sul se tornou um exemplo no mundo porque - apesar de ser um vizinho da China, onde a pandemia se originou - seu número de infecções e sua taxa de mortalidade foram muito menores.
Segundo o governo sul-coreano, cerca de 10 mil exames são realizados diariamente, o que possibilitou o isolamento da população assintomática, que é um dos principais problemas na disseminação da infecção.
Além disso, outra circunstância que ajudou a conter a pandemia no território sul-coreano foi a implementação de medidas rigorosas de isolamento por região. Embora algumas das medidas tenham sido criticadas como formas extremas de controle social, especialistas consultados pela BBC concordam que elas são essenciais para salvar vidas.
10 medidas para combater o coronavírus!
Vereador Toninho Vespoli (PSOL)
O novo coronavírus não é exagero e contra ele não há meio termo. Quem acompanha o meu mandato pelas redes sociais e pelo meu site sabe que tenho sido incansável no acompanhamento dos últimos desdobramentos sobre a Covid-19. Minha equipe tem denunciado os poderosos, defendido os mais necessitados e educado sobre como se prevenir contra o novo vírus. Mas para além disso tudo, é também preciso exigir que seja feito o combate ao vírus. Com esse objetivo nós elaboramos esta lista com 10 medidas para combater o coronavírus! Segui-las, apenas, não seria o suficiente. Mas não segui-las traria a quase certeza de uma catástrofe.
Suspensão do pagamento da dívida pública: em 2019, 79,8% do PIB brasileiro foi destinado ao pagamento da dívida pública. São literalmente trilhões de reais sendo dados todos os anos para banqueiros e rentistas. Independentemente de vírus isso já seria um absurdo, sendo apenas razoável a realização de auditoria e negociação da dívida. Mas em meio a uma pandemia, continuar a pagar este montante enquanto falta dinheiro para o SUS é imoral e absurdo! Precisamos desse dinheiro com urgência para contenção do corona. Os bancos vão sobreviver. A população pobre, talvez não.
Revogação do teto dos gastos: aprovada pelo presidente ilegítimo, Michel Temer, o teto dos gastos foi uma medida que congelou os recursos destinados a pagar pela saúde, educação e seguridade social (porém nada foi feito para limitar os gastos com a dívida pública). Segundo o Conselho Nacional de Saúde (CNS), cerca de 20 bilhões de reais foram sugados do SUS em decorrência da medida. Agora o próprio CNS pede a revogação da medida, afirmando ser isso essencial para o correto combate ao coronavírus.
Suspensão dos despejos e reintegrações de posse durante a pandemia: no Brasil, milhões de pessoas desesperadas ocupam áreas sem cumprimento da função social para conseguirem um teto. Outros milhões lutam todos os dias para darem conta de pagar o aluguel. Com a crise do novo coronavírus mais pessoas se verão sem dinheiro e sem como sustentar uma moradia. Torna-se questão de decência mínima os governos, não apenas federais como municipais, editarem decretos garantindo à população o mínimo para se protegerem do novo coronavírus.
Garantia de recebimento de salários aos trabalhadores: durante a pandemia o jeito é ficar em casa. Mas gastos com coisas como comida e mantimentos continuarão a existir. É fundamental que o Estado, em suas diversas esferas, crie programas de subsídio aos salários dos trabalhadores de pequenas e médias empresas. Quanto às grandes empresas, com recursos o suficiente para passar pela crise, essas deveriam ser obrigadas a continuar a pagar os seus funcionários enquanto durar a pandemia.
Auxílio para moradores de rua: quem vive na e da rua está em risco! É preciso garantir a esse grupo abrigo e mantimentos. Vale usar hotéis, estádios e igrejas para abrigar os sem teto, fornecer alimentos e suprimentos, e facilitar acesso à saúde e tratamento de outras enfermidades comuns aos moradores de rua, capazes de aumentar a letalidade do novo coronavírus (como a tuberculose).
Suspensão de contas de luz e gás: seguindo o exemplo da França, em resposta ao coronavírus o governo federal deveria suspender o pagamento de contas. Isto permitiria que a população conseguisse arcar com outros gastos, e com a eventual falta de recursos. Com o mesmo objetivo, os governos municipais e estaduais deveriam suspender a cobrança de IPTU e IPVA.
Auxílio aos trabalhadores informais: não apenas os trabalhadores formais, mas também os informais podem correm risco de perder seu ganha-pão. É urgente o Estado, em todas as suas esferas, pensar em auxílio emergencial a esta população.
Investimento massivo no SUS: não é de agora que o SUS necessita de mais recursos. Mas agora a coisa é urgente. A criação de mais leitos em hospitais, a obtenção de mais testes de coronavírus e de equipamentos, para não falar no pagamento de horas extras aos médicos são todas áreas essenciais para tratar dos infectados.
Nacionalização temporária dos hospitais particulares: seguindo os passos da Espanha, não podemos deixar, em momento tão crítico, que ser ou não ser atendido em um hospital dependa do quanto cada um é capaz de pagar a seguradoras particulares. Precisamos de quantos leitos, equipamentos e médicos forem possíveis no atendimento de TODOS os infectados (independentemente de quanto eles ganhem).
Transparência e diálogo com a população: todas essas medidas devem ser comunicadas e explicadas à sociedade. Algumas são emergenciais, e não podem demorar a serem tomadas. Mas a garantia da liberdade de criticar e de se informar a todos os brasileiros devem ser preservadas! Assim como deve ser garantida transparência em como os gastos são feitos. Garantir a transparência e diálogo significa, também, garantir que infraestruturas como acesso à internet permaneçam mesmo durante a pandemia.
Essas medidas compõem, na opinião do redator, o mínimo que deve ser feito para garantir o devido combate à enfermidade. O tempo para meias medidas acabou. Precisamos colocar os direitos e necessidades da maioria acima da ganância de alguns. Somente assim poderemos parar o novo coronavírus.
Fonte: https://www.saopaulo.sp.leg.br/blog/artigo-10-medidas-para-combater-o-coronavirus/