Uma das maiores penitenciárias de Santa Catarina tem 900 presos. Mas entre 7h e 16h o que se encontra lá são celas abertas e completamente vazias. É que todos os presos, sem exceção, trabalham o dia inteiro. São 13 empresas instaladas dentro da penitenciária. Uma delas fabrica sofás, poltronas e até colchões. "A noite tem escola. Então ele não tem tempo para pensar em outra coisa", diz o agente penitenciário André Martarelo. Quando Willian foi para a cadeia não podia imaginar que encontraria ali uma perspectiva de futuro. Hoje ele tem orgulho de ser um dos melhores estofadores da fábrica e ensinar os novos presos. “A vantagem do trabalho é que você aprende uma profissão e, com isso, também ganha uma redução da pena. A cada três dias trabalhados, nós temos um dia de redução”, conta. As empresas pagam um salário mínimo, 25% deste valor fica para o estado. Parte desse dinheiro é usado para reforma de unidades prisionais. O restante é do preso. “É muito importante porque eu tenho cinco filhos e daí com esse dinheiro eu posso ajudar a minha família lá fora”, fala o preso Claudinei Campolin. Três em cada dez presos de Santa Catarina trabalham; é o dobro da média nacional. Nesta semana, autoridades de segurança, agentes prisionais e empresários de todo país discutem, em
Florianópolis, alternativas para ampliar o trabalho nas prisões. “As tensões nas prisões são aliviadas, diminui o risco de fuga, diminui o risco de motins ou rebeliões e também diminui a reincidência criminal que é o retorno do criminoso ao crime”, explica o secretário de Justiça e Cidadania de Santa Catarina, Leandro Lima. Uma mostra do que é produzido no país pode ser vista no evento e tem até peças de alta costura. Marlei foi preso com 25 anos de idade: “Digo, acabou para mim, né? Ser humano sem perspectiva de vida. Mas eu pensei assim: ‘Não, eu preciso lutar pela vida’. Não posso desistir”. Quando saiu, 16 anos depois, ele conseguiu uma vaga na mesma empresa onde trabalhou dentro da prisão. A experiência como estofador foi decisiva. “Acreditaram no meu serviço, no meu potencial, na minha pessoa. É só assim que nós vamos mudar o país. De outra maneira não tem condições. É uma pessoa acreditar na outra. Uma pessoa dar oportunidade para outra. Aí nós vamos mudar o país. Vamos mudar o mundo”, completa. Fonte:
http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2018/07/santa-catarina-da-exemplo-em-reabilitacao-de-presidiarios.html Site G1/Globo