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Rohingyas: 10 fatos sobre a maior população apátrida do mundo
Rohingyas: 10 fatos sobre a maior população apátrida do mundo
Anos de perseguição e violência sistemática ameaçam a saúde e o bem-estar de uma população de mais de um milhão de pessoas
A crise humanitária envolvendo a população Rohingya em Mianmar não é recente. Desde 1960, os rohingyas têm enfrentado perseguição e violência sistemáticas, o que levou a deslocamentos em massa. As consequências desses ataques geram problemas graves a mais de um milhão de pessoas que convivem não apenas com o trauma gerado pela violência, mas também pelas condições precárias dos acampamentos superlotados em que vivem. Ao redor de Cox’s Bazar, em Bangladesh, está o maior campo de refugiados do mundo, com quase 900 mil pessoas, sendo cerca de 50% mulheres e crianças.
1 – Quem são os Rohingya?
Os rohingyas são uma minoria muçulmana que vive no norte do estado de Rakhine, em Mianmar, um país de maioria budista. No entanto, após ciclos recorrentes de violência desde 1962 e a negação de seus direitos, quase um milhão de membros da comunidade Rohingya vivem agora no maior campo de refugiados do mundo do outro lado da fronteira, em Bangladesh.
2 – O apoio de MSF
MSF apoia a resposta das autoridades de Bangladesh e administra nove instalações sanitárias em Cox’s Bazar, além de apoiar a instalação e a manutenção de uma rede de bombas de água. Já em Mianmar, continuamos a fornecer aos rohingyas, que permanecem no estado de Rakhine, cuidados básicos de saúde, apoio à saúde mental e encaminhamentos para cuidados especializados e de emergência.
Mas, como os Rohingya se tornaram a maior população apátrida do mundo?
3 – Identidades confiscadas
Em 1978, Mianmar – ainda denominada Birmânia e governada por seus militares – lançou a “Operação Rei Dragão”. Inicialmente, foram confiscados os cartões de identificação nacional do povo Rohingya. Em seguida, a violência foi usada para levar 200 mil rohingyas a Bangladesh. Posteriormente, os militares permitiram que essa população retornasse à Birmânia, mas muitos não tinham mais seus cartões de identificação. Eles, então, passaram a ser considerados “estrangeiros”.
4 – Um povo sem pátria
Em 1982, uma nova lei de cidadania foi aprovada na Birmânia, reconhecendo legalmente 135 grupos étnicos presentes no país. Entretanto, os Rohingya, com uma população de cerca de um milhão de pessoas, não estavam na lista e se tornaram apátridas.
5 – Ataques e deslocamento
Em 1991, a Birmânia já havia sido renomeada como Mianmar, e seus militares lançaram a “Operação Limpa e Bela Nação”. Os Rohingya passaram a ser submetidos a execuções, agressões, violência sexual, trabalhos forçados, restrições matrimoniais, apreensões de terras e a demolição de suas casas.
No ano seguinte, mais de 250 mil refugiados Rohingya haviam fugido para Bangladesh. Os governos de Bangladesh e Mianmar assinaram um acordo para repatriar refugiados. Mais tarde naquele ano, a repatriação forçada começou, apesar dos protestos da comunidade internacional. A maioria dos refugiados foi devolvida a Mianmar até o final de 1996.
6 – Uma nova onda de violência
Em 2012, uma nova onda de violência eclodiu entre as comunidades budistas e muçulmanas em Mianmar. Centenas de pessoas foram mortas, bairros foram arrasados e edifícios religiosos foram destruídos. Os sobreviventes Rohingya foram forçados a fugir de suas casas e posteriormente foram segregados em acampamentos onde hoje permanecem 140 mil pessoas.
7- Resposta Rohingya
Até 2016, a população Rohingya respondeu a anos de violência, restrições legais cada vez mais rigorosas e um discurso de ódio com motivos raciais de inúmeras maneiras. Muitos fugiram para outros países. Um grupo armado foi formado por uma minoria Rohingya.
8 – A maior campanha de violência estatal
Em 2017, as forças de segurança estatais realizaram a maior campanha de violência dirigida contra os Rohingya na história moderna, alegadamente em retaliação a um ataque de um grupo armado. Após esta violenta campanha, MSF registrou 6.700 mortes entre os Rohingya. Mais de 750 mil pessoas foram forçadas a fugir. Bangladesh as acolheu, embora não tenha lhes concedido o status de refugiadas.
9 – Milhares de pessoas dependentes de assistência humanitária
Hoje, cerca de 600 mil rohingyas ainda permanecem em Mianmar. Seja em acampamentos ou vivendo em vilarejos do outro lado de Rakhine, eles têm liberdade de movimento limitada, o que impede seu acesso a oportunidades de subsistência, educação e saúde. Centenas de milhares a mais compõem atualmente uma diáspora apátrida em países como Malásia, Índia e Paquistão.
Mais de 900 mil rohingyas vivem em acampamentos em Bangladesh. Eles não podem trabalhar ou receber uma educação formal e não têm outra alternativa senão contar com a assistência humanitária para atender às suas necessidades básicas. Eles enfrentam a incerteza de seu futuro para si mesmos ou para seus filhos.
10 – Condições precárias e acampamentos superlotados
Nos acampamentos, as condições de vida são precárias. As pessoas enfrentam acesso inadequado a água potável, saneamento, cuidados de saúde e abrigo, o que afeta sua capacidade de viver com dignidade e segurança. A sarna – uma doença infecciosa ligada às condições superlotadas do acampamento – está nos níveis mais altos registrados em mais de três anos. As equipes de MSF começaram a atuar em Bangladesh em 1985. Abrimos nosso primeiro hospital de campo em Cox’s Bazar em 2009, para ajudar tanto os refugiados quanto a comunidade local.
Fonte:https://www.msf.org.br/noticias/rohingyas-10-fatos-sobre-a-maior-populacao-apatrida-do-mundo/#:~:text=Os%20Rohingya%20passaram%20a%20ser,Rohingya%20haviam%20fugido%20para%20Bangladesh.