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Laranjal do Jari - A maior favela fluvial do mundo
Unida por passarelas de madeira que emergem sobre as águas do rio Jari, a terceira maior cidade do Amapá surgiu a partir do sonho de um bilionário norte-americano. Em 1967, Daniel Keith Ludwig idealizou o Projeto Jari, no qual planejava construir um pólo agroindustrial em meio à floresta amazônica. Ludwig gastou milhões em sua empreitada, comprou terras, abriu estradas e gerou uma oferta de empregos, o que logo ocasionou na ida de milhares de pessoas à região.
Porém, os planos de Ludwig não saíram como o esperado e dividiram Laranjal do Jari em duas realidades opostas. Na margem direita do rio Jari, Monte Dourado, bairro que segue o padrão da classe média norte-americana e que alojou boa parte dos migrantes empregados. Na margem esquerda, os que não tinham onde morar improvisaram casas em cima de estacas, sem água encanada, esgoto ou coleta de lixo. Cerca de 20 mil pessoas vivem nestas condições, no chamado "beiradão".
Uma das razões que levou a população a invadir a área acima do rio foi a localização da principal avenida da cidade, que é na verdade, uma rodovia federal. Não demorou muito e diversas casas de comércio, bates, supermercados e restaurantes surgiram ao longo da rodovia. Quando não havia mais espaço, o beiradão foi a alternativa encontrada. Andar pelas passarelas de madeira é uma aventura à parte, é preciso ficar atento ao chão e acidentes não são raros de acontecer.
Mas viver em casas construídas sobre a água impõe desafios muito maiores do que a atenção com as crianças ou ver onde pisa. Três anos atrás, um incêndio destruiu boa parte das palafitas e ainda hoje a tragédia está bem viva na memória dos moradores. Raimundo Germano é um deles, além da casa, perdeu também uma loja de roupas que mantinha no "quarteirão" devastado. Mesmo com uma loja nova, ele mantém o hábito de voltar ao local onde tudo aconteceu e observar, em silêncio.
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=hD59RVw51MQ
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