Os Jogos Paraolímpicos Tóquio 2020 dão visibilidade para as pessoas com deficiência para além do esporte, e trazem à tona a importância da diversidade e inclusão também nos negócios.
No Brasil, pela legislação, empresas com até 200 funcionários devem ter 2% de mão de obra oriunda de grupos com algum tipo de deficiência, seja física, mental, intelectual ou sensorial. Para companhias com mais de 1.001 funcionários, a proporção é de 5%. Ainda assim, parte das empresas acaba pagando multas pela falta de contratação.
Apenas 30% indicaram ter metas para reduzir a desproporção dos cargos ocupados por pessoas com e sem deficiência em quadros gerenciais. E das 79% que promovem campanhas de conscientização interna sobre a diversidade para o público, só metade possui grupos de afinidade que trabalham especificamente a inclusão das pessoas com deficiência.
Uma empresa que vai além da contratação e costuma servir de exemplo para as demais do mercado é a fabricante de cosméticos Natura, onde as PCDs são 7,3% do total de funcionários. A analista de marketing Aline Messias, que atua na área Movimento Natura e faz parte do grupo dedicado a pessoas com deficiência na companhia, aponta como um diferencial um plano de escuta e ação.
"Entendemos que o profissional com deficiência precisa se posicionar e ter equidade de oportunidade sem reforçar um estigma do mercado de coitado ou herói”, disse Aline para reportagem da EXAME em junho. Messias tem paralisia cerebral e está na Natura há oito anos.
Desenvolvimento
Uma oportunidade de melhorar os indicadores e a retenção é começar pelos cargos de entrada, como faz a farmacêutica Merck com o programa Capacita, em parceria com instituições de ensino. No programa, pessoas com deficiência fazem um ano de estágio remunerado, com possibilidade de efetivação. A iniciativa ajudou a elevar a contratação de pessoas com deficiência para além da cota em 116%.
Já na indústria química Bayer, a gestão da pessoa com deficiência serve de inspiração para os demais escritórios globais da companhia. A diretriz da multinacional de capital alemão é preencher 5% das vagas em todas as unidades e em todos os cargos com pessoas com algum tipo de deficiência até 2030.
Para garantir isso, o time de recursos humanos da operação brasileira da Bayer acompanha de perto os indicadores, conversa com aqueles que parecem estar perto de sair da empresa por alguma dificuldade de desenvolvimento, e trabalha para garantir a retenção. Como resultado, no ano passado os pedidos de demissão dos funcionários com algum tipo de dificuldade na adaptação ao dia a dia da empresa caíram de 10% para 4%.
Além disso, a companhia tem programas específicos para que as pessoas com deficiência desenvolvam ideias e apresentem projetos para gestores. Na última edição, o vencedor identificou uma melhoria de processo no setor de embalagens dos sites, reduzindo em até 30% o custo de uso de embalagens.
Ter esse contato com a liderança é importante também na Ambev. Na fabricante de bebidas o grupo de diversidade voltado para pessoas com deficiência é formado por 15 pessoas incumbidas de compartilhar conhecimentos na liderança, além de facilitar o dia a dia dos funcionários.
“Independentemente da deficiência, todas as pessoas merecem as mesmas oportunidades”, diz Mariana Holanda, que comanda o tema na Ambev. “Um ambiente de alta performance precisa ter diversidade, e isso inclui pessoas com deficiência.”
Fonte:https://exame.com/negocios/paraolimpiadas-empresas-inclusao-pcd-brasil/