Cada vez mais cidadãos abraçam o voluntariado como forma de praticar o bem, auxiliar os mais necessitados, contribuir de alguma forma para a redução da desigualdade social e o maior respeito ao próximo. Empresas e instituições incentivam a prática, especialmente nos países desenvolvidos. Porém, é grande o número de pessoas que idealiza o trabalho voluntário e desiste diante do primeiro obstáculo. Aqui estão algumas reflexões que podem auxiliar a entender melhor esse universo e a incluí-lo de forma permanente em sua vida.
Apesar de muita gente achar que a humanidade está piorando, nunca se viu tanta solidariedade no mundo. Não faz muito tempo escravidão, pena de morte, duelos mortais, tortura e tantas outras atrocidades eram consideradas situações normais e aceitas pela sociedade. Caminhamos para a eliminação do racismo, do machismo, da homofobia e de tantas outras discriminações. Embora no Brasil ainda persista uma desigualdade social gigantesca, é nítido o avanço em busca dos direitos das minorias, da aceitação das diferenças e do respeito ao próximo. O fato é que a consciência da humanidade para com as mazelas do mundo e os mais necessitados nunca esteve tão viva, mesmo fora de grupos religiosos. A espiritualidade do ser humano vem se ampliando gradualmente e já há um batalhão de pessoas que busca um trabalho voluntário, uma forma de auxiliar o semelhante em piores condições. Nos Estados Unidos e em diversos países desenvolvidos, empresas e universidades buscam colaboradores e alunos envolvidos em algum tipo de trabalho humanitário. Seja para ter uma vida mais altruísta, seja para contar pontos na carreira , é inegável que o voluntariado e a filantropia têm o poder de transformar profundamente a vida de quem o pratica. Eles não se confundem com doação e esmola, que representam apenas o nosso supérfluo material. O trabalho voluntário exige envolvimento, compromisso, dedicação, aceitação, renúncia, tolerância e força de vontade. É nesse ponto que muitas pessoas bem intencionadas falham e acabam nunca experimentando os benefícios do auxílio ao próximo. Elas tendem a romantizar e idealizar o trabalho de seus sonhos sem levar em conta as dificuldades que existem pela frente. O resultado é que ou acabam nunca iniciando ou desistem nos primeiros obstáculos. Atualmente, são tantas as possibilidades de trabalho voluntário, tantas ONGs e instituições sociais e religiosas, que ao cidadão não faltam opções de tarefa nas mais diferentes esferas e grupos. Então, se você está disposto a doar um pouco do seu tempo ou do seu talento em alguma atividade voluntária e nunca fez nada parecido, aqui vão algumas reflexões que podem fazer a diferença. 1 -
Saia da inércia. Imagine esta cena: você fica sabendo que um amigo está engajado num trabalho voluntário que considera interessante e pede para ser convidado a conhecer. Surge a oportunidade, mas você tem um compromisso agendado do qual não abre mão. Diz a si mesmo que irá em outro dia, o que acaba nunca acontecendo. Se você já viveu ou presenciou algo parecido, precisa entender uma coisa: trabalho voluntário não é ida ao shopping ou ao cinema. Não se vai quando se tem tempo. Abre-se um espaço no coração e firma-se o compromisso. É como assinar uma carteira de trabalho, só que sem salário. Também não adianta imaginar que fará trabalho voluntário apenas quando se aposentar. O voluntariado é um ideal de vida, uma troca afetiva incomparável, um aprendizado constante e inesgotável. Se alguma luz se acendeu e você tem vontade de experimentar, não perca mais um minuto e entregue-se de corpo e alma. Isso significa dar os primeiros passos, mesmo que solitariamente. 2 -
Saiba conviver com as diferenças. Embora seja certo que você vai alcançar níveis de satisfação elevados na atividade em que se engajar, tenha em mente que todo trabalho é feito por pessoas tão imperfeitas quanto você, conduzidas por um dirigente tão ser humano quanto você, mesmo que esteja há décadas naquela atividade. Além do mais, existe toda uma hierarquia na condução das tarefas . Isso significa que você vai receber orientações, seguir procedimentos, conviver com colegas e, é claro, surgirão conflitos. Justamente porque o trabalho é voluntário que o entrosamento do grupo é tão importante. Não se demite nem se contrata, não se paga hora-extra, não se exige mais do que se pode dar. É o exercício constante e permanente do respeito, da tolerância, da humildade e do bom-senso. Por isso, o trabalho voluntário exige maturidade de quem o abraça. 3 -
Não desista na primeira tentativa. Pode acontecer de você iniciar uma tarefa e ela não te agradar, não te fazer bem. Outras vezes você se candidata para uma atividade e nunca te chamam. Pode acontecer de o grupo mudar o dia do encontro e você não poder acompanhar. Às vezes a questão é de afinidade com as pessoas ou com alguma prática. Enfim, existem vários motivos para uma tentativa de se engajar numa atividade voluntária não dar certo. O importante é não desistir e incorporar o voluntariado em sua vida de tal forma que se torne um hábito saudável e permanente. 4 -
Sinta-se bem com o grupo. Trabalhar em equipe exige paciência, boa vontade e uma boa dose de humildade. Se ingressamos numa comunidade voluntária com esses sentimentos no coração, já temos boas chances de lograrmos êxito. Mas às vezes a afinidade não vem, apesar dos nossos esforços. Não tenha medo de mudar e tentar um novo grupo. O sucesso de um trabalho que vai render benefícios aos assistidos vem da felicidade que temos em trabalhar com união e harmonia. Mas seja paciente e saiba dar tempo ao tempo. 5 -
Seja disponível, mas conheça seus limites. O trabalho voluntário é tão prazeroso quando estamos na atividade certa, com o grupo certo que podemos acabar ampliando nossa participação além do que conseguimos suportar. Como há pessoas mais responsáveis e outras nem tanto, os dirigentes acabam contando com os que demonstram assiduidade e compromisso. E não faltam tarefas a desempenhar. É por isso que precisamos estar atentos para não ultrapassarmos os limites que comprometam nosso convívio familiar, por exemplo. Não faltam exemplos de trabalhadores voluntários que acabam se dedicando mais aos assistidos do que à própria família, ao lazer ou às atividades domésticas. Saibamos encontrar o ponto de equilíbrio entre a tarefa no bem e nossas obrigações para conosco e os que dependem de nós. 6 -
Busque um trabalho que você conheça e goste de fazer, mas seja aberto a novidades. Não existe trabalho fácil. A própria situação de vulnerabilidade do assistido já é por si só um ponto de dificuldade, seja porque você vai pode ver cenas tristes, seja porque são pessoas com experiências de vida muito diferentes e desafiadoras. Por isso, valorize seus talentos e se engaje em uma atividade que você domine e te dê prazer em executar. Não importa se é descascar batatas, lavar pratos ou fazer atendimento médico. O que importa é que você se sinta à vontade e seguro para se desenvolver na atividade. Mas esteja aberto a propostas, pois podemos descobrir habilidades escondidas em um simples distribuir senhas, cuidar de uma fila ou organizar o material de um bazar. Então, o que falta para você aderir ao voluntariado com os pés no chão mas o coração aberto?