A presidente Dilma Rousseff elegeu a educação como prioridade das prioridades. O Bom Dia Brasil mostrou no último ano os problemas em série nas escolas e nas universidades brasileiras. Problema não falta e nem dá para dizer que são novos. Serão muitos os desafios nos próximos quatro anos na área de educação. De acordo com especialistas ouvidos pelo Bom Dia Brasil, as soluções também não são novas, e passam pela valorização dos professores e pela integração de projetos e ações entre os governos federal, estadual e municipal. De manhã, de tarde e de noite. Três turnos em escolas diferentes. A professora Cristina de Jesus adora o que faz, mas diz: “Eu acho que é demais. Às vezes eu chego em casa à meia noite, acabada e no outro dia tem que acordar cinco e meia, cinco e quarenta.” Se não for assim: “Meu salário não dá para suprir minhas necessidades”, explica a professora. O piso salarial do professor é de R$ 1697. Muitos não ganham nem isso. Para a Unesco, é uma das profissões mais desrespeitadas no Brasil. “Em outros países onde realmente a educação funciona bem, o professor é valorizado e respeitado. Aqui no Brasil, infelizmente nós caminhamos para o inverso. Temos que recuperar isso. É um aspecto que tem que ser a prioridade das prioridades, é o professor”, lamenta a coordenadora da Unesco no Brasil, Maria Rebeca Otero. Até porque, um problema puxa o outro. “Não há qualidade na educação que não tenha bons professores”, explica Maria. E os números confirmam. A qualidade do ensino médio piorou em 13 estados em 2013, considerando escolas públicas e particulares. E o desempenho nacional dos alunos e das escolas ficou abaixo da meta estipulada pelo governo. E há outros gargalos. O problema dos alunos fora da idade escolar. Quase metade dos jovens de áreas urbanas já deveria ter concluído o ensino médio. A maioria é da rede municipal. É nos municípios também que o abandono é maior, 27,5% deixam de estudar, segundo o governo. O ministério da Educação defendeu no primeiro mandato uma reforma do ensino médio que não saiu. Mudança que precisa ser feita, segundo o especialista em Educação Remi Castione. “Um formato onde se valoriza muito o conteúdo e disciplinas estanques, os espaços pedagógicos não são muito bem definidos. Não há integração curricular entre os professores e os professores também não tem formação adequada para o exercício das disciplinas para as quais ministram”, conta.
O aumento de escolas em tempo integral foi outra bandeira. A meta era que 60 mil passassem a ter um turno mais longo. Segundo o ministério, foi cumprida, mas de acordo com educadores, está aquém do necessário. Já nas creches, a promessa era entregar 6 mil. Ficaram prontas 2494.
Por falta de creche, Jéssica passou a trabalhar em casa para cuidar das filhas. “Eu não tinha com quem deixar as minhas filhas, melhor pedir demissão do que ser demitida por justa causa”, ela diz. O Brasil ainda engatinha também na alfabetização de adultos. São 13 milhões sem ler e escrever. O país está entre as oito nações com pior índice, de acordo com pesquisa da Unesco. Quanto as crianças, 15% chegam aos 8 anos sem estarem alfabetizadas. Foi o que levou o ministério da Educação a pôr em prática há dois anos e meio o Pacto Nacional Pela Alfabetização na Idade Certa. Um compromisso formal com governadores e prefeitos, que prevê formação de professores e material didático padronizado. Foi inspirado em um programa do Ceará, criado pelo novo ministro da Educação. Em Sobral, município cearense, deu certo. Em âmbito nacional, não foram divulgados resultados. Para o doutor em educação, não basta ter bons projetos, é preciso integrar Governo Federal, com estados e municípios. Outro grande desafio deste mandato. “Muitas das questões que falham no campo educacional é porque a implementação vinda de cima para baixo sem contaminar e sem envolver as estruturas estaduais não se efetiva”, ele explica. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS AO SITE:
http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2015/01/valorizacao-do-professor-e-essencial-para-melhora-da-educacao-diz-unesco.html